segunda-feira, março 13, 2006

Ta iniciada a Revoluçao no panorama fisico

Violência na Sorbonne agudiza tensão social
frança Carga policial na madrugada de ontem fez 31 feridos Governo chama estudantes em protesto de "desordeiros" e "agitadores"
EPA/SEBA

Polícia anti-motim forçou entrada na universidade que é um símbolo do movimento de 1968


Correspondente em Paris

O uso de matracas e de gás lacrimogéneo pela polícia anti-motim (CRS) contra algumas centenas de alunos que bloquearam a prestigiada Universidade de Sorbonne, na noite de sexta para sábado, em Paris, agudizou a tensão social em França. Segundo a Prefeitura da Polícia, a violência que decorreu durante 10 minutos, provocou ferimentos a 31 pessoas, 11 das quais agentes policiais. Outras universidades estão ainda ocupadas e algumas contam mesmo com a solidariedade dos seus reitores.

A ocupação pacífica da Universidade de Sorbonne foi uma das formas que os alunos encontraram para contestar a entrada em vigor do Contrato Primeiro Emprego (CPE) - aprovado esta semana pelo parlamento e pelo senado francês no quadro da lei pela "igualdade de oportunidades".

Após a jornada nacional de 7 de Março, que mobilizou milhares de pessoas em 160 cidades francesas contra a política social do governo, os estudantes começaram a bloquear e a ocupar as universidades no hexágono. A adesão dos estudantes tem vindo a aumentar, estando agora 45 de 84 universidades em greve ou ocupadas.

Cordões humanos

Na noite de 10 para 11 de Março, os jovens que ocuparam a Sorbonne formaram cordões humanos para evitar a entrada da CRS no estabelecimento de ensino, gritando "polícia nacional, milícia do capital" ou "resistência pacífica". Mas com a entrada forçada das autoridades, às 4 horas, o pânico surgiu entre alguns alunos que lançaram livros, cadeiras e mesas sobre os agentes, obtendo como resposta pancadas com matracas e gás lacrimogéneo. "Este não é o método pelo qual o governo deve responder aos estudantes", disse, ao JN, um dos elementos da União Nacional dos Estudantes de França.

Por sua vez, o ministro da Educação, Gilles de Robien, em entrevista à rádio France Info, chamou-os de "desordeiros" e fez questão de proporcionar aos media, ontem à tarde, uma visita guiada ao local, para justificar a evacuação "Os danos provocados são inqualificáveis", disse o ministro. Também François Goulard, o ministro da Investigação, chamou a estes alunos, que ocuparam o símbolo do movimento estudantil de Maio de 1968, de "agitadores". "Não se deve bloquear uma universidade. É necessário adoptar um comportamento mais responsável", acrescentou o ministro.

Não puderam entrar

Durante as horas que antecederam o cenário de violência, as forças de segurança impediram a entrada de centenas de estudantes na universidade que, alertados para a situação por telemóvel, saíram de uma manifestação contra o CPE no Chatelet, do outro lado do rio, para apoiarem os seus colegas. Ao tentar defender o bom nome da universidade, o chefe do gabinete do reitor de Paris, Nicolas Boudot, veio sublinhar que muitos destes jovens não eram estudantes da universidade e sim "radicais".

Entre as universidades ontem ocupadas, figuravam as de Toulouse, Nantes, Caen, Rennes e Clermont-Ferrand. Além das manifestações diárias pontuais, os estudantes têm uma, a nível nacional, agendada para o dia 16. No dia 18, juntar-se-ão à terceira jornada nacional contra o CPE e que conta com a mobilização das centrais sindicais, das associações cívicas e dos partidos políticos da esquerda francesa.
...in Jornal de Notícias, 12 de Março de 2006

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